sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

As sem-razões do amor



Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
nem se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
2007/05/07 enviada por WebMaster

Autoria de Carlos Drummond de Andrade
Mensagens de Amor

A dor que dói mais



Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
2007/10/01 enviada por WebMaster

Autoria de Martha Medeiros
Mensagens de Crônicas e Textos

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sentir...


“ SENTIR- SE VAZIA É ALGO COMO UM CRISTAL QUE, ESTATELADO AO CHÃO PROCURA EM VÃO JUNTAR SEUS CACOS...

É UMA MISTURA DE SAUDADE DO QUE NÃO SE VIVEU COM O MEDO DO QUE PROVAVELMENTE IREI VIVER... NÃO ENTENDO... E POR NÃO ENTENDER SINTO O VAZIO DO ESPAÇO ENTRE O SIM E O NÃO, ENTRE O QUE SE PENSOU MAS NUNCA IRÁ SER DITO.

RECEIO COMO POUCAS VEZES NA VIDA, POIS, SOU IMPULSIVA POR NATUREZA E ESCREVER SEMPRE FOI LEVE, TÃO CRISTALINO QUANTO A ÁGUA DA NASCENTE NUNCA TOCADA PELO SER HUMANO, HOJE O MEDO REPRIME A VERGONHA DA VERDADE NUNCA DITA...

O SILENCIO MISTURADO AO BARULHO DAS TECLAS, JUNTOS NUMA SINFONIA A EMBALAR PALAVRAS DE UMA TRISTE SONHADORA QUE SÓ QUERIA EM SI O CONTEÚDO DO IMPOSSÍVEL...”

Helena Martins Daniel