segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sentir...


“ SENTIR- SE VAZIA É ALGO COMO UM CRISTAL QUE, ESTATELADO AO CHÃO PROCURA EM VÃO JUNTAR SEUS CACOS...

É UMA MISTURA DE SAUDADE DO QUE NÃO SE VIVEU COM O MEDO DO QUE PROVAVELMENTE IREI VIVER... NÃO ENTENDO... E POR NÃO ENTENDER SINTO O VAZIO DO ESPAÇO ENTRE O SIM E O NÃO, ENTRE O QUE SE PENSOU MAS NUNCA IRÁ SER DITO.

RECEIO COMO POUCAS VEZES NA VIDA, POIS, SOU IMPULSIVA POR NATUREZA E ESCREVER SEMPRE FOI LEVE TÃO CRISTALINO QUANTO A ÁGUA DA NASCENTE NUNCA TOCADA PELO SER HUMANO, HOJE O MEDO REPRIME A VERGONHA DA VERDADE NUNCA DITA...

O SILENCIO MISTURADO AO BARULHO DAS TECLAS, JUNTOS NUMA SINFONIA A EMBALAR PALAVRAS DE UMA TRISTE SONHADORA QUE SÓ QUERIA EM SI O CONTEÚDO DO IMPOSSÍVEL...”

Helena Martins Daniel

29/06/09

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Nossa Vitória de cada Dia

A Nossa Vitória de cada Dia

Olhe para todos ao seu redor e veja o que temos feito de nós e a isso considerado vitória nossa de cada dia. Não temos amado, acima de todas as coisas. Não temos aceite o que não se entende porque não queremos passar por tolos. Temos amontoado coisas e seguranças por não nos termos um ao outro. Não temos nenhuma alegria que não tenha sido catalogada. Temos construído catedrais, e ficado do lado de fora pois as catedrais que nós mesmos construímos, tememos que sejam armadilhas. Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.

Temos evitado cair de joelhos diante do primeiro de nós que por amor diga: tens medo. Temos organizado associações e clubes sorridentes onde se serve com ou sem soda. Temos procurado nos salvar mas sem usar a palavra salvação para não nos envergonharmos de ser inocentes. Não temos usado a palavra amor para não termos de reconhecer a sua contextura de ódio, de amor, de ciúme e de tantos outros contraditórios. Temos mantido em segredo a nossa morte para tornar a nossa vida possível. Muitos de nós fazem arte por não saber como é a outra coisa. Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gaffe.
Não temos adorado por termos a sensata mesquinhez de nos lembrarmos a tempo dos falsos deuses. Não temos sido puros e ingénuos para não rirmos de nós mesmos e para que no fim do dia possamos dizer «pelo menos não fui tolo» e assim não ficarmos perplexos antes de apagar a luz. Temos sorrido em público do que não sorriríamos quando ficássemos sozinhos. Temos chamado de fraqueza a nossa candura. Temo-nos temido um ao outro, acima de tudo. E a tudo isso consideramos a vitória nossa de cada dia.