Julguei ter-lhe visto na rua... um súbito frio no estômago. Pra quê? Você já deve ter me esquecido. Pegava-me há pouco pensando se você já esqueceu do meu sotaque... de minha mania de sonhar acordada.
Será que você esqueceu do meu gosto peculiar por roupas de oncinha? Do meu raciocínio singular a respeito de distâncias...o mistério dos quilômetros que se transformam em minutos?
Será que você esqueceu que me fazia corar e ficar sem graça ao elogiar-me? Ou então o sorriso que lhe retribuí no dia em que disse apenas que havia pensado em mim? Um misto de surpresa e contentamento...
Será que esqueceu como ríamos quando eu tentava lhe fazer uma surpresa mais sensual? Que sempre respeitei você não ter planos para nós... mas no fundo eu acalentava tantos e tantos planos e desejos... Mas sempre calada... e aguardava... Aguardava ver em seus olhos, adivinhar em suas palavras algo que só havia em meus sonhos... em meu coração.
Seu número ainda está na agenda de meu celular. Se eu o apagar vou sentir-me melhor... mas uma coisinha lá dentro pede que eu não o faça... Como se apagar um registro apagasse tantas outras coisas...
Mas agora não espero mais você...
Espero até que você também caia no esquecimento... que fique num cantinho de minha gaveta de guardados... um cantinho inversamente proporcional ao que ocupou em mim... Inversamente proporcional à saudade que sinto...
Rosane de Andrade
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