sábado, 26 de julho de 2008

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez,é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda,que me entristece,que me mata trazendotudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,quem quase passou ainda estuda,quem quase morreu está vivo,quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidadesque escaparam pelos dedos,nas chances que se perdem por medo,nas idéias que nunca sairão do papelpor essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes,o que nos leva a escolher uma vida morna;ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor,está estampada na distânciae frieza dos sorrisos,na frouxidão dos abraços,na indiferença dos "Bom dia",quase que sussurrados.Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.Talvez esses fossem bons motivos para decidirentre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,o mar não teria ondas, os dias seriam nubladose o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira,não aflige nem acalma,apenas amplia o vazio quecada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas,nem que todas as estrelas estejam ao alcance,para as coisas que não podem ser mudadasresta-nos somente paciência,porém, preferir a derrota préviaà dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão,para os fracassos, chance,para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coraçãovazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneoou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque,que a rotina acomode,que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando,fazendo que planejando,vivendo que esperando porque,embora quem quase morre esteja vivo,quem quase vive já morreu.



( Luiz Fernando Veríssimo )

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